terça-feira, 17 de maio de 2011

Moça com Laranja

                                                                                              Dioniso III

vai faltar no mundo água potável

então Adriana, deixa-me ser teu Adriático

extático banhar com beijos tua boca de jambo

descer das tuas partes altas

como os extintos laranjais da minha cidade

e cobrir com uma manada de laranjas

as extensas planícies do teu ventre

branco flor de laranjeira

flor perfume para a vida inteira

passa moça no meu rosto

estas franjas e as laranjas dos teus peitos

e não te assuste os espinhos desses laranjais

só se inclinam pra pescar no poço do teu umbigo

no fundo de ti

os frutos de tua árvore submersa que em conversa não florescem

há poetas, Adriana, que saem às ruas para colher poesia das coisas

e de repente é a vida quem arranca um poema da gente

vê, a tua razão me chama de senhor

mas a emoção murmura: meu amor

e por debaixo do lençol

lá fora uivam as lobas teu bemol

ordenha, Adriana, as laranjas desse pomar

são tuas mas nem precisa

elas se derretem suco sobre ti

ordena moça

e essas loucas laranjas indisciplinadas

seguirão após ti

uma a uma

numa fila indiana

e Adriana,

deixarão de ser indisciplinadas

deixarão de ser até laranjas

mas a loucura por ti

é incurável




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