Dioniso III
vai faltar no mundo água potável
então Adriana, deixa-me ser teu Adriático
extático banhar com beijos tua boca de jambo
descer das tuas partes altas
como os extintos laranjais da minha cidade
e cobrir com uma manada de laranjas
as extensas planícies do teu ventre
branco flor de laranjeira
flor perfume para a vida inteira
passa moça no meu rosto
estas franjas e as laranjas dos teus peitos
e não te assuste os espinhos desses laranjais
só se inclinam pra pescar no poço do teu umbigo
no fundo de ti
os frutos de tua árvore submersa que em conversa não florescem
há poetas, Adriana, que saem às ruas para colher poesia das coisas
e de repente é a vida quem arranca um poema da gente
vê, a tua razão me chama de senhor
mas a emoção murmura: meu amor
e por debaixo do lençol
lá fora uivam as lobas teu bemol
ordenha, Adriana, as laranjas desse pomar
são tuas mas nem precisa
elas se derretem suco sobre ti
ordena moça
e essas loucas laranjas indisciplinadas
seguirão após ti
uma a uma
numa fila indiana
e Adriana,
deixarão de ser indisciplinadas
deixarão de ser até laranjas
mas a loucura por ti
é incurável
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