domingo, 8 de maio de 2011

à Júlia Liers





                                                                                                   




Tarde de transfusão

que para não te espantar

virava garça

e a mão

um ancinho de ternura

saneava palavras a serem ditas

e juntava teus cabelos num canto do ombro

para beijar-te no pescoço fingidamente desnudo

um jardim em estado líquido gasoso

enquanto o rio associado aos teus lábios de batom

incendiava-se de flamboyants

transbordando um vermelho varrido pelos olhos

para dentro de um peito sem sangue

e a vida refluía

e eu voava

capinava peixes no rio

e por mais que os arrancasse pelas raízes

feéricos

renasciam feito capim

feito um sonho


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