Tarde de transfusão
que para não te espantar
virava garça
e a mão
um ancinho de ternura
saneava palavras a serem ditas
e juntava teus cabelos num canto do ombro
para beijar-te no pescoço fingidamente desnudo
um jardim em estado líquido gasoso
enquanto o rio associado aos teus lábios de batom
incendiava-se de flamboyants
transbordando um vermelho varrido pelos olhos
para dentro de um peito sem sangue
e a vida refluía
e eu voava
capinava peixes no rio
e por mais que os arrancasse pelas raízes
feéricos
renasciam feito capim
feito um sonho
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